Um estudo divulgado na terça-feira, 23 de janeiro, alerta para o grande potencial de dependência do WhatsApp sendo esta a rede social mais usada pelos inquiridos.
O projeto de investigação Scroll, Logo Existo, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, em parceria com o Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências, inquiriu 1.704 residentes em todo o país, maiores de 16 anos. O objetivo foi estudar as práticas de uso dos ecrãs e os comportamentos aditivos. A fase de recolha e tratamento de dados decorreu entre setembro de 2022 e outubro de 2023.
Segundo o estudo, 90% dos inquiridos afirmaram que a rede social que mais usam é o WhatsApp.“Hoje, verificamos que grupos de amigos, colegas de trabalho, grupos de estudantes e outras afinidades, utilizam esta aplicação como forma de interação instantânea”, referem os investigadores. Esta rede social tal como todas as outras, “contribui para um padrão de comportamento aditivo que resulta da necessidade de reagir aos estímulos constantes e a uma cultura instalada de resposta na hora, facto que contribui para a construção de uma lógica de interação de dependência de ecrãs”.
Os dados obtidos permitem identificar uma prática híbrida de utilização da internet confundindo-se por vezes, o espaço de utilização entre os compromissos formais (escola ou trabalho) e os espaços de lazer. Assim, o estudo sublinha que a elevada preocupação com o que acontece online é um fator que potencia a dependência do digital.
O uso de smartphones, tablets e computadores como portas de acesso à internet e redes sociais a juntar aos tarifários com dados móveis ilimitados, contribuem para o aumento desta dependência. Segundo os dados, a principal finalidade de utilização da internet é para acesso ao correio eletrónico (90,7%) e atividade profissional (84,7%). O acesso às redes sociais surge em terceiro lugar (72,4%), ficando à frente da finalidade de estudo ou pesquisa (69,5%) e do uso para pesquisa relacionada com viagens (49,9%).
No que se refere ao acesso a serviços, compras e operações financeiras, 62% afirma usar para comprar produtos e serviços ‘online’ e 53,6% para utilizar serviços de ‘home Banking’. O lazer e a diversão são uma das principais finalidades para 58,5% dos participantes sendo que 54,2% utiliza a internet para fazer chamadas, 51% para ver TV, filmes, vídeos e ouvir música e 44,7% tem como finalidade ler jornais e revistas.
Com menor preferência de utilização da internet, encontra-se a utilização para jogos ‘online’ (15,7%) ou para encontros amorosos (1,8%). A investigação aponta também que a idade e a profissão está relacionada com dependência dos ecrãs, concluindo que os estudantes têm uma maior exposição aos ecrãs tornando-os mais propensos para a dependência.