O número de mulheres que congelam óvulos para adiar a maternidade aumenta todos os anos e reflete a consciencialização sobre o impacto do tempo na fertilidade. A partir dos 35 anos, a fertilidade feminina diminui cerca de 5% ao ano, uma realidade biológica inevitável, que leva, muitas delas, a equacionar preservarem óvulos até ao momento em que decidem engravidar. A partir de agora, podem contar com mais uma ferramenta de Inteligência Artificial (IA) aplicada à medicina reprodutiva, que permite saber qual a probabilidade de terem filhos com os óvulos que congelaram.
“Este software avançado avalia, de forma personalizada, a qualidade dos óvulos e o potencial reprodutivo. Com a ajuda da IA, a paciente passa a ter um relatório detalhado sobre a qualidade e a probabilidade de ter um bebé com esses mesmos óvulos. Esta estimativa é feita com até 75% de acuidade e resulta de um algoritmo que combina variáveis como a idade e qualidade dos ovócitos“, explica o Dr. Samuel Ribeiro, ginecologista e especialista em medicina da reprodução do IVI Lisboa.
Este avanço representa um ponto de viragem nas técnicas de preservação da fertilidade, proporcionando às mulheres uma maior previsibilidade nos seus processos. Antes da IA, a avaliação morfológica dos óvulos não dispunha de um método quantitativo ou qualitativo rigoroso que determinasse a qualidade e a sua associação com um resultado concreto. Agora, as mulheres poderão ter mais informação sobre o potencial futuro reprodutivo dos óvulos preservados.
“Se a vitrificação já representava um enorme avanço na autonomia e no poder de decisão das mulheres, agora, com o valor acrescentado da aplicação da IA e da genética, as mulheres que decidirem preservar a fertilidade poderão fazê-lo com a máxima informação disponível“, acrescenta o médico responsável pela direção do IVI Lisboa. Sublinha, no entanto, a importância da preservação da fertilidade antes dos 35 anos, uma vez que aumenta em 40% a taxa de sucesso. “Uma vez vitrificados, os ovócitos das pacientes permanecerão armazenados pelo tempo necessário, mantendo o mesmo potencial reprodutivo que tinham no momento em que foram congelados“.
Nos últimos anos, a Inteligência Artificial (IA) tem sido uma ferramenta inovadora na melhoria dos tratamentos de reprodução assistida, com especial destaque para a embriologia. O IVI tem liderado a aplicação da IA, explorando diversas possibilidades que, atualmente, abrem caminho a avanços promissores na otimização dos tratamentos reprodutivos, garantindo os melhores resultados para as pacientes que confiam nestes procedimentos.
“A IA permite auxiliar os embriologistas na tomada de decisões e na avaliação das expectativas dos tratamentos em várias áreas. Ajuda-nos a avaliar a qualidade espermática, a selecionar o melhor espermatozoide para fertilizar o óvulo, a determinar a qualidade dos óvulos das nossas pacientes e a integrar os dados de forma global, utilizando algoritmos cada vez mais precisos. Desta forma, conseguimos definir qual o tratamento mais adequado e quais os resultados esperados“, afirma o Dr. Samuel Ribeiro.
Além deste novo software, o IVI disponibiliza também um estudo genético. Através da análise de células obtidas numa amostra de sangue, é possível determinar se a mulher apresenta alguma alteração genética. Com essa informação, consegue-se calcular a quantidade de ovócitos necessários para otimizar os resultados. “Se a paciente tiver uma doença genética, poderá precisar de mais ovócitos para permitir uma análise pré-implantatória dos embriões. A combinação da IA e da genética na preservação da fertilidade permite oferecer uma abordagem altamente personalizada, reforçando a tomada de decisões informada e alinhada com os desejos e circunstâncias de cada mulher“, conclui.