Em entrevista exclusiva à New Woman, a Dra. Mónica Gomes Ferreira, ginecologista no MS Medical Institutes, abordou questões essenciais sobre a saúde sexual feminina, destacando a importância de uma visão holística que vai muito além da simples ausência de doenças.
Infelizmente não existe literacia em saúde e as pessoas tendem a pesquisar na internet os sintomas que sentem, enviesando e mal interpretando a informação que encontram, ao invés de procurarem informação profissional e credível. Isto serve para qualquer doença, o que se torna ainda mais grave.
Ter saúde sexual vai muito além de ter uma vida sexual ativa e livre de doenças. Ter saúde sexual é um estado de bem-estar físico, emocional e social, e engloba tudo o que está relacionado não só com o aparelho reprodutivo, como prevenção e tratamento de doenças, métodos de contraceção e o direito a ter experiências seguras, sem coerção discriminação ou violência.
Portanto, de acordo com todos estes aspetos, a mulher pode afirmar que tem saúde sexual se estiver bem a nível físico, psicológico e social. Em caso de dúvida, a recomendação deve ser sempre a marcação de uma consulta médica.
O desejo sexual hipoativo é uma disfunção sexual feminina e pode ter diferentes causas, normalmente associadas a problemas emocionais ou relacionais. Por ser um tema tabu, ainda é pouco falado mas é uma disfunção comum. É mais frequente em idades avançadas e após a menopausa e são inúmeros os fatores que o podem influenciar. Para combater esta situação, pode existir uma abordagem terapêutica, sempre ajustada caso a caso, e que envolve uma equipa multidisciplinar.
Dispareunia é o nome científico que designa qualquer tipo de dor que ocorra durante a relação. Por não ser um sintoma normal, não deve ser ignorado porque pode indicar a existência de outras disfunções sexuais. Sempre que se sinta dor, ocorra ela sempre que existam relações sexuais, ou apenas em casos pontuais, a mulher deve agendar uma consulta com a sua ginecologista para perceber a causa. Por vezes, as causas podem ser físicas e associadas a outras condições pre existentes ou também psicológicas, pelo que é sempre recomendável a procura de ajuda especializada para se iniciar o tratamento e devolver à mulher o prazer de uma relação sem dor.
Certamente. A saúde emocional é fundamental para a saúde sexual. O equilíbrio emocional permite que os indivíduos se sintam mais à vontade para explorar a sexualidade, comunicar desejos e estabelecer conexões significativas com os parceiros. As inseguranças podem gerar diminuição do desejo, dificuldades em atingir o orgasmo ou aversão ao sexo, o que inevitavelmente gera frustração, depressão não só para a mulher, mas para o casal.
Felizmente o sexo feminino já tem enraizada desde cedo a visita ao ginecologista. Consultas que são fundamentais na fase da adolescência e puberdade, porque são fases de descoberta, onde normalmente se inicia a vida sexual, e é fundamental que tudo seja feito tendo por base a educação sexual. Conhecimento é poder e saber fazer-se as escolhas certas é fundamental, quer para evitar gravidezes indesejadas, quer para se prevenirem as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs).
Por norma, aos 20 anos devem ser feitos exames ginecológicos de rotina, vacinação contra HPV, e contracepção.
Aos 30 anos, normalmente aborda-se a saúde reprodutiva, fertilidade e acompanhamento de DSTs.
Aos 40 anos começam os exames mais frequentes como mamografia, controle hormonal e prevenção do cancro.
E a partir dos 50, a aposta deve ser na prevenção do cancro da mama e colo do útero, além de cuidados com a menopausa e andropausa.