Como na medicina nada é preto ou branco, a origem dos problemas capilares também não pode ser atribuída exclusivamente a uma única causa. Existem várias patologias de origem multifactorial, ou seja, as causas ou desencadeantes são múltiplos, e esta não foge à regra. Passo a explicar de uma forma sucinta.
A alopecia androgenética, também conhecida como calvície de padrão masculino ou feminino, é amplamente reconhecida como uma condição hereditária. Esta predisposição genética está relacionada com a sensibilidade dos folículos capilares à di-hidrotestosterona (DHT), uma hormona derivada da testosterona, que causa a miniaturização progressiva dos folículos e, eventualmente, a sua atrofia.
Para os homens, a herança genética de ambos os lados da família pode influenciar o padrão e a gravidade da calvície. Nas mulheres, a alopecia androgenética tende a ser menos severa, mas igualmente ligada à herança genética. Neste contexto, a genética é um fator determinante e inegável na origem dos problemas capilares.
Por outro lado, o estilo de vida moderno, caracterizado por altos níveis de stress, má alimentação, falta de exercício físico e exposição a poluentes, pode exacerbar a perda de cabelo. O stress crónico, por exemplo, está associado ao eflúvio telógeno, uma condição onde um grande número de folículos entra na fase de repouso, levando à queda de cabelo difusa. Além disso, dietas pobres em nutrientes essenciais, como ferro, zinco, e vitaminas do complexo B, podem enfraquecer o cabelo e acelerar a queda.
A falta de sono, o tabagismo e o consumo excessivo de álcool são outros fatores que podem afetar negativamente a saúde capilar. Estes hábitos comprometem a circulação sanguínea, essencial para a nutrição dos folículos capilares, e aumentam a produção de radicais livres, que danificam as células capilares.
Mas afinal qual é a verdadeira origem dos problemas capilares?
A verdade é que ambos os fatores desempenham papéis significativos e interrelacionados na saúde capilar. A predisposição genética pode estabelecer as bases para a perda de cabelo, mas o estilo de vida pode determinar a rapidez e a severidade com que essa predisposição se manifesta.
Assim, a combinação destes fatores é o que, na maioria das vezes, define o curso da saúde capilar. No entanto, enquanto a genética não pode ser alterada, as escolhas de estilo de vida estão sob o nosso controlo. Portanto, a adoção de hábitos saudáveis pode ser a chave para retardar ou mitigar os efeitos da predisposição genética na perda de cabelo.
Num mundo onde a aparência tem um papel crescente na autoestima e no bem-estar, é fundamental reconhecer que, embora não possamos escapar totalmente à nossa genética, podemos certamente tomar medidas para proteger a nossa saúde capilar através de escolhas de vida mais saudáveis e informadas.
Dr. Ricardo Areal
AGELESS, Anti-Aging Center