Sorrento, Amalfi, Positano, mas também Nápoles, Ravello e Pompeia, estão entre os destinos mais procurados em Itália e formam parte de um “circuito” que já se tornou icónico pela beleza das paisagens, pelas estradas que serpenteiam entre o mar azul turquesa e as montanhas pintadas de verde e até pela gastronomia. Falamos da Costa Amalfitana, um trecho de pouco mais de 50 km, na região da Campânia, e que, oficialmente, começa em Positano e termina em Vietri sul Mare, mas que pode, e deve, abarcar outras tantas localidades que, acredite, merecem uma paragem ou uma visita mais demorada.
Vindos de Portugal, a forma mais simples de chegar é voar diretamente para Nápoles. A TAP tem voos de Lisboa e do Porto, mas tenha atenção à frequência, aos horários e ao risco de poderem ser cancelados… A alternativa é viajar para Roma (existem dezenas de companhias a voar para a capital italiana a partir de Lisboa) e apanhar o comboio para Nápoles. Se tiver mais dias livres, também pode alugar um automóvel e fazer a viagem de Roma a Nápoles (cerca de 230 km), mas atenção que viajar de automóvel na Campânia, e em especial na cidade de Nápoles, exige uma grande destreza e uma certa dose de loucura.
Partindo do princípio que voou diretamente para Nápoles e que optou por alugar um automóvel para ter uma acrescida liberdade de movimentação, terá de se deslocar a uma zona específica das chegadas do aeroporto e aguardar pelo transfer para o local onde estão posicionadas as empresas de aluguer. Aconselhamos, vivamente, a contratação de um seguro com coberturas alargadas, não só pelo perigo de furto, mas porque, acredite, sobreviver incólume a uns dias de condução naquela região está algures entre o milagre e a pura sorte. Os napolitanos são “doidos”, não há outra forma de colocar a questão. As regras de trânsito passam a ser meramente indicativas e os sinais de trânsito decorativos. Entre motos e scooters que surgem de todos os lados e um coro de buzinas que parece provir de um rebuscado código morse, a confusão pode deixar alguns condutores à beira de um ataque de nervos. Curiosamente, os acidentes não acontecem ao ritmo esperado, talvez porque no meio daqueles caos haja uma certa organização.
A outra solução é assentar base numa das principais cidades da Costa Amalfitana e, daí, partir em deslocações diárias a cada um dos pontos turísticos, seja pelos seus próprios meios ou através das inúmeras excursões organizadas. Sugerimos que escolha Sorrento, não só porque tem uma dimensão significativa e uma maior escolha de alojamentos, mas porque fica perto de todas as “atrações” e os preços não são tão inflacionados como em outros destinos da região.
Partindo do princípio que chegou cedo e que ainda pode aproveitar o dia, propomos uma visita ao Parque Arqueológico de Herculano, outro conjunto habitacional (e não só) romano completamente congelado no tempo pelas cinzas do Vesúvio, no ano 79 DC. O mais mediático dos Parques Arqueológicos é o de Pompeia, mas pela dimensão que este ocupa, sugerimos que reserve um dia inteiro para a visita. Leve calçado confortável, água e um pequeno lanche. O parque de Pompeia possui um café, mas as filas e os preços podem ser desmotivantes.
Pernoitar em Pompeia também é uma boa opção, já que a localidade é muito calma, bem fornecida de alojamentos e restaurantes e tem alguns pontos de visita interessantes (a Basílica e o Santuário da Nossa Senhora do Rosário de Pompeia são imperdíveis).
Se optou por Sorrento, também vai ter muito com que se entreter. Deixe-se perder pelas ruelas estreitas pejadas de lojas e restaurantes de cariz mais ou menos turístico, desça à zona da Marina, observe os artífices a criar belíssimas peças de embutidos em madeira e beba Limoncello, o típico licor à base de limão, fruto que se tornou a imagem de marca da cidade e que “inunda” os campos em redor de Sorrento.
Visitar Positano, um cartão postal que faz furor entre os amantes de selfies e os casais de apaixonados, pode ser uma tarefa hercúlea se não for devidamente preparada. Disposta como uma espécie de presépio à beira-mar, a aldeia é de uma beleza ímpar e termina numa praia de seixos banhada por um mar azul turquesa e águas cristalinas. Não há dúvidas que visitar a Costa Amalfitana e não ir a Positano é como ir a Roma e não ver o Papa. Algumas dicas. O trânsito ao longo de boa parte da Costa é caótico e as filas intermináveis (especialmente em julho e agosto) e o acesso a Positano de automóvel é especialmente difícil. Se quiser arriscar, deixe o automóvel num dos muitos parques ao longo do percurso, mas prepare-se para tarifas de 10€/hora. Não, não é engano, é mesmo este o preço a pagar para estacionar na aldeia e quanto mais perto do centro e da praia, mas caras serão as alternativas. Sugerimos antes que vá de táxi, de Uber ou integrado numa excursão organizada. Também é possível chegar a Positano de barco desde Nápoles, Sorrento ou Amalfi.
Logo a seguir a Positano, Praiano é uma pequena vila mais “desconhecida” pelo turismo de massa, mas que esconde uma praia (Marina di Praia) belíssima e tem preços bem mais em conta. Não faltam cafés e restaurantes para saborear um petisco local e um copo de Chianti e o ambiente descontraído e menos “turístico” convida a ficar.
Estrategicamente posicionada a meio do percurso, Amalfi é a maior cidade ao longo da Costa e oferece inúmeros pontos de visita obrigatórios. A praia de areia escura faz o contraste perfeito com o mar cristalino, mas é a visita pedonal ao centro histórico, com as suas ruelas e túneis cheios de restaurantes, lojas e deliciosas gelatarias, que lhe ficará marcada na memória. Isto e, claro está, a magnifica Catedral ou Duomo. As suas icónicas escadarias são dos pontos mais fotografados da Costa Amalfitana, mas não deve perder a oportunidade de conhecer o interior não apenas desta, mas todo o complexo que inclui o claustro e a basílica, onde funciona o Museu Diocesano, e a cripta do apóstolo Santo André.
Ravello, também conhecida como a cidade da música, não está propriamente na costa, mas antes empoleirada no topo de uma montanha, o que, desde logo, garante as melhores vistas sobre o mar e toda a costa. Ravello garante surpresas a cada esquina e tem uma atividade cultural que, tradicionalmente, não associaríamos a uma localidade relativamente pequena. Visite e, se possível, assista a um concerto na surpreendente sala de música clássica dentro de uma igreja histórica (Santissima Annunziata) ou consulte os programas disponíveis online e assista a um espetáculo musical no auditório desenhado pelo conhecido arquitecto brasileiro Oscar Niemeyer.
De volta à linha de costa, deparamos-nos com Maiori e Minori. A primeira tem a maior praia de areia de toda a região, bem como a Grotta di Pandora, uma das muitas grutas e enseadas na Costa Amalfitana que só são acessíveis de barco. Com avenidas largas e estacionamento (existe um espaço municipal que é ligeiramente mais acessível, mas, ainda assim, custa 3€/hora), pode ser o local ideal para passar umas horas na praia ou usufruir de uma refeição à beira-mar. Por falar nisso, as famosas Pizzas (Nápoles é conhecida pela qualidade das ditas) são incrivelmente acessíveis, mesmo para os padrões portugueses, com preços médios que rondam os 7/8€ nos restaurantes locais e menos turísticos e os 11/12€ nos mais visitados ou com posições estratégicas.
Em Minori, pode visitar as ruínas da magnífica Villa Romana, um dos locais arqueológicos mais importantes da região, e terminar o dia com um prato de massa fresca, acredite que não vai esquecer a experiência…
Com o périplo a aproximar-se do final, ainda nos resta visitar Cetara. Pequena vila piscatória, tem uma pequena praia de seixos muito acolhedora e um enorme estacionamento, uma benesse na Costa Amalfitana. Talvez seja das zonas menos turísticas da Costa Amalfitana, o que assegura um ambiente mais genuíno e preços mais baixos. Junto à zona balnear, existem alguns restaurantes locais onde se poderá deliciar com peixe fresco e marisco. Se quiser ir à praia, escolha a zona concessionada, de mais fácil acesso à água e muito mais confortável. Se não quiser ficar, sugerimos que siga para Erchie, uma pequena aldeia que fica praticamente ao lado de Cetara e que conta com uma grande torre romana e mais duas praias banhadas pelas águas quentes e transparentes do Mediterrâneo.
Vietri sul Mare é, oficialmente, a última cidade da Costa Amalfitana e está colada a Salerno, a capital da província. Talvez pela sua localização, muito próxima de um grande porto comercial e de uma zona urbana, Vietri sul Mare não parece tão atrativa para os turistas. Consideramos que não visitar a cidade é um erro crasso, sendo de destacar os objetos em vidro e em cerâmica que enfeitam as ruas da mesma e que deliciam quem valoriza aquela tipo de arte. Aconselhamos a estacionar o automóvel na periferia e rumar ao centro, passeando pelas ruelas estreitas e explorando as diferentes lojas dedicadas à referida cerâmica e objetos de vidro. A magnífica praia também merece uma visita, até porque, como referimos, não sofre tanto com a pressão turística.
Artigo por Rui Reis