As mulheres que tomam pílula têm uma zona do cérebro mais fina, a mesma que regula emoções como o medo e a ansiedade. Estas são conclusões de um estudo sobre a pílula e os seus efeitos no cérebro.
Cerca de 150 milhões de mulheres em todo o mundo usem contracetivos orais. Em Portugal, um estudo de 2021 revela que a pílula é o método contracetivo mais usado pelas mulheres, com estimativas a rondar os 70%. Sete em cada dez mulheres em idade fértil tomam anticoncecionais orais. De forma a perceber melhor os efeitos da cotraceção oral, uma equipa de pesquisa da Universidade canadiana do Quebec fez um estudo e concluiu que a toma de contraceção oral combinada (COC), progestagénio e estrogénio, pode estar relacionada com a espessura mais fina de uma zona do cérebro- o córtex pré-frontal ventromedial, região onde se processa o medo e a ansiedade.
“Acredita-se que esta parte do córtex pré-frontal sustenta a regulação emocional, como a diminuição dos sinais de medo no contexto de uma situação segura. Pelos nossos resultados, tal pode representar um mecanismo pelo qual os COC podem prejudicar a regulação emocional nas mulheres”, explica Alexandra Brouillard, uma das autoras do estudo.
Para a realização do estudo, foram reunidas amostras de mulheres que usavam contraceção oral, outras de mulheres que já usaram esse tipo de contraceção, mas não o fazem atualmente e das que nunca tomaram qualquer contraceção hormonal. O estudo também contou com um grupo composto por homens. De fora ficaram indivíduos que tivessem problemas psiquiátricos, neuroendócrinos e claustrofobia.
Comparando os resultados verificou-se que a contraceção oral confere um fator de risco para défices de regulação emocional durante o uso atual. Este estudo pretende ser um ponto de partida para novas investigações. O próximo passo é introduzir o fator etário para perceber ao detalhe os efeitos da pílula e as suas eventuais reversibilidades.