O projeto atua há dez anos e tem como objetivo ajudar as mulheres da comunidade a alcançar a independência financeira.

Em 2012, Virginie Bitshanda, uma Irmã da Congregação das Filhas da Sabedoria criou a associação Mama Hakima. A expressão Mama Hakima significa mães da sabedoria em Kiswahil. Uma língua nativa falada tanto na República Democrática do Congo como em outros países do leste africano.

O objetivo desta associação é o de reunir aos mulheres da cidade de Kisangani que se encontrem em condições mais precárias para poder ajudá-las a alcançar a autossuficiência financeira. Apesar de a sua fundadora ser cristã, a associação não exclui nem faz distinção étnica ou religiosa.

As mulheres ajudadas pelo projeto têm diferentes origens sociais e tradições religiosas, mas enfrentam adversidades semelhantes. A República Democrática do Congo é um país com um panorama de pobreza bastante acentuado. Num país onde viver com dificuldades é comum, as mulheres têm muito maiores probabilidades de estar dependentes ou reféns de homens.

Confrontadas com dificuldades financeiras, no acesso à saúde, à educação e à alimentação, muitas destas mulheres não têm conhecimento sobre os direitos que dispõem.

DIFICULDADES E ENTENDIMENTO

Uma das dificuldades iniciais foi lidar com as diferenças religiosas das mulheres. Devido às diferenças de tradições e de crenças, no início, todas acharam complicado a ideia de progredirem em conjunto. Nos primeiros momentos, os grupos eram divididos por denominação religiosa.

Apesar de a dificuldade inicial de se entenderem, a Irmã Virginie não desistiu. Tendo estado três anos no Canadá, baseou-se numa formação que frequentou. Esta formação tinha em conta as diferentes realidades culturais e estudava formas de acompanhar grupos de pessoas. Embora as diferenças que tinham, as mulheres tinham pontos fortes semelhantes. Todas eram capazes, corajosas, tinham qualidades e amor nos seus corações.

As participantes acabaram por encontrar a harmonia e decidiram conviver com as suas diferenças. Aprenderam a cooperar e a encontrar a paz quando se chateavam por uma dada razão. Todas lá pela mesma razão, tinham um grande espirito de criatividade e de iniciativa, o que fez com que aprendessem a trabalhar em conjunto.

O QUE FAZEM AS MULHERES DA MAMA HEKIMA?

As mulheres que participam das iniciativas da associação reunem-se em grupos de até 20 pessoas. O grupo é formado mediante os interesses de cada uma.

As sessões de formação focam-se em tópicos como: a educação cívica; os direitos da mulher; o planeamento familiar; a gestão do orçamento familiar e o planeamento de atividades que gerem renda. Como as dificuldades econômicas são um dos maiores desafios que estas mulheres enfrentam, são desenvolvidas ferramentas para aumentar a própria independência econômica.

A fonte de renda principal é a produção e venda de produtos agrícolas. A mandioca é um dos tubérculos com mais destaque, visto que constitui uma parte importante da base alimentar diárias da população africana.

Também diversificaram suas atividades econômicas com a fabricação de fornos à lenha.

Existem cada vez mais mulheres a recorrerem a esta associação. O reconhecimento da mesma também se tem vindo a verificar por parte de diversas entidades externas. Os propósitos estão a ser conseguidos. Há mais famílias bem alimentadas, crianças na escola e sobretudo mulheres a assumiram o controlo das suas próprias vidas nesta cidade na Republica Democrática do Congo.

Artigo por Sara Teixeira