MAIS UMA INCURSÃO NO UNIVERSO DOS VINHOS. POR CECÍLIA PEREIRA

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MAIS UMA INCURSÃO NO UNIVERSO DOS VINHOS. POR CECÍLIA PEREIRA

Prosseguindo a aventura por este maravilhoso e estimado universo do deus Baco, e tendo em consideração a anteriormente referida adaptação gradual do palato aos diferentes vinhos, chegou a altura de escalar alguns patamares.

Assim, neste espaço os vinhos em apreciação são oriundos da Região Demarcada do Alentejo, um vinho Regional, e da Região Demarcada do Tejo, um vinho de Denominação de Origem de Origem Controlada (DOC). Ambos brancos.

Antes porém vamos empreender um curto périplo por estas encantadoras regiões que certamente estimulará a curiosidade impelindo-nos a privar com tão preciosas bebidas.

Será ainda contemplado outro vinho branco procedente de Palmela, mas de cuja região me pronunciarei oportunamente.

Região Demarcada do Alentejo

Old vineyards with red wine grapes in the Alentejo wine region near Evora, Portugal Europe

A região do Alentejo é uma das maiores e mais antigas regiões demarcadas de Portugal. Na verdade, e a título de exemplo, as talhas de barro testemunham a presença no local de povos tão antigos como os romanos.

Tornou-se demarcada no ano de 1988 do século passado, graças à sua modernização tanto na viticultura como nos processos de vinificação.

Região composta por vastas planícies recortadas por serranias e vales dignos de registo. Possui solos pouco produtivos maioritariamente graníticos e xistosos com manchas argilo-calcárias. Contudo, o seu clima quente e seco, necessitando até de rega, permite que as uvas, adaptadas a este “terroir” atinjam um grau de maturação ótimo, dando origem a únicos e magníficos vinhos brancos e tintos.

Sendo o Alentejo uma região constituída por grandes e planas extensões de terreno (formadas por xisto, argila, granito e calcário e possuidoras de um clima seco, frio no Inverno e abrasador no verão), interrompidas por acidentes orográficos marcantes (que propiciam uvas de incrível categoria arquitetando vinhos de qualidade superior). Destes acidentes orográficos são exemplo as serras de S. Mamede, a d’Ossa e a do Mendro. 

Na primeira, onde as vinhas se implantam em altitude acomodadas a humidades relativas mais elevadas e a maiores amplitudes térmicas gerando vinhos frescos, delicados e elegantes.

Na segunda, aonde as vinhas se localizam em encostas viradas a sul, e em cujo período estival as temperaturas alcançam valores muito elevados, contrastando com valores muito baixos no inverno. Solos mistos formados à custa de granito e de xisto.

Na terceira, a serra do Mendro, as vinhas posicionam-se nas colinas beneficiando das diversas altitudes e exposições solares, e ainda dos ventos oferecidos pela serra. O vento possibilita o arrefecimento do ar tornando o clima mais ameno.

Os solos mediterrânicos, os climas continental, mediterrânico ou continental/ mediterrânico constituem a chamada Região Demarcada do Alentejo. Em razão desta diversidade de solos e climas, juntamente com as castas autóctones e as que não o sendo, se encontram perfeitamente adaptadas à região, dão origem a “terroirs “ únicos, reunindo assim as condições conducentes a existência das oito sub-regiões DOC do Alentejo.

As regiões de Denominação de Origem Controlada (DOC), em conjunto com as boas práticas de vinificação que são apanágio do Alentejo, conduzem a vinhos singulares e de excecional qualidade.

Neste território elaboram-se igualmente vinhos cujos rótulos ostentam “Regional Alentejano”. Esta designação significa que o produtor possui mais liberdade na elaboração do vinho, tendo a possibilidade de desrespeitar algumas normas de região DOC, ainda que daí seja procedente.

No Alentejo, os vinhos são produzidos predominantemente com castas autóctones, no entanto também se faz uso de outras, que não sendo originárias desta região geográfica, estão adaptadas de forma perfeita.

Sendo assim, as castas Alfrocheiro, Alicante Bouschet, Aragonez, Cabernet Sauvignon, Castelão, Syrah, Touriga Nacional e Trincadeira são usadas para os tintos conferindo-lhes cor ruby ou granada, com aromas a frutos silvestres vermelhos maduros, cacau, entre muitos outros. Na boca assinalam-se o aveludado e a adstringência ligeira. Percebem-se quentes, encorpados mantendo um equilíbrio perfeito entre a acidez, o álcool, os taninos e o açúcar. Enfim néctares primorosos para apreciar com satisfação.

As castas Antão Vaz, Roupeiro, Arinto e Fernão Pires são usadas para os brancos, emprestando-lhes uma cor citrina ou palha, no nariz apresentam-se muito frutados, aroma a frutos tropicais, a maçã, a lima. Na boca são vibrantes, bem equilibrados e frescos.

Vinhos com espaço para guarda. As excelentes características que estes vinhos demonstram transformam-nos numa escolha obrigatória!

Região demarcada do Tejo

Tendo o rio batizado a região demarcada do Tejo, conhecida até há pouco tempo como Ribatejo, e sendo o rio Tejo o principal causador da desigualdade dos seus solos e do seu clima, originando assim diferentes “terroirs”, esta região de Indicação Geográfica Protegida conta hoje com três sub-regiões DOC. Portanto, e segundo os seus “terroirs”, a região segmentou-se em três sub-regiões de Denominação de Origem Controlada designadas por:

-Charneca, composta por solos arenosos razoavelmente férteis, situa-se na margem esquerda do rio. Possui clima seco com temperaturas altas, gerando um amadurecimento mais rápido das uvas.

-Campo, guarda solos de aluvião, ricos, e localiza-se junto ao rio. O clima mediterrânico típico da região do Tejo, nesta sub-região, face à imediação do rio, mostra-se mais ameno. O vinho resulta mais fresco, mais vibrante.

– Bairro, encontra-se a norte do rio. As terras são mais altas onde a vinha se alonga até à base das serras de Aire e Candeeiros. Conta com solos pouco produtivos, argilo-calcários com manchas xistosas em alguns locais mais a norte.

Protegida pelo rio e ainda pelas serras, a região do Tejo dispõe de condições naturais únicas para produzir vinhos de notável excelência.

CABEÇA DE TOIRO RESERVA BRANCO DOC 2021 

É um vinho da região do Tejo, de Denominação de Origem Controlada, “blend”, elaborado com as castas Fernão Pires, Chardonnay e Sauvignon Blanc. 

Ostenta uma cor limão esverdeada com cheiros florais e muito frutado. Ao paladar apresenta-se fresco, frutado com apontamentos de frutos tropicais. Acidez muito equilibrada, teor alcoólico elevado com final de boca persistente.

Harmoniza perfeitamente com peixes, queijos curados, enchidos, com carnes brancas e até vermelhas. Recomenda-se que seja servido à temperatura 9-10 graus centígrados.

Ideal para consumo imediato no sentido de se usufruir de todos os seus aromas e sabores jovens. No entanto, se for armazenado, conservá-lo em lugar fresco (11-14 graus centígrados), ao abrigo da luz, e com humidade entre os 60-75% e as garrafas deitadas.

Vinho cuidadosamente elaborado onde o sabor e os aromas das castas envolvidas e perfeitamente combinadas são preservados. Nasce assim um vinho de elevado carácter e qualidade.

Breve síntese

Cor- citrina com reflexos esverdeados, brilhante, límpido com formação de alguma lágrima.

Nariz- aroma frutado com predominância de frutos tropicais como o ananás e a manga. Odores florais.

Boca- fresco, frutado com sabores a frutos tropicais. Acidez percetível, muito bem combinada com o açúcar e o álcool que possui. Firme final de boca.

Teor alcoólico-13% vol.

CAIADO VINHO BRANCO 2021 VINHO REGIONAL ALENTEJANO

É um vinho regional alentejano, “Blend”, produzido com as castas Antão Vaz, Arinto e Roupeiro. Vinificado pelo método de bica aberta, isto é, depois de desengaçadas, as uvas foram imediatamente prensadas separando assim o líquido das restantes massas. O mosto depois de filtrado sofreu então a fermentação alcoólica a temperatura controlada que nos brancos se deve situar entre os 14 e os 16 graus. Daqui resulta um vinho de cor citrina e límpido. Exibe odores a frutos tropicais como manga e ananás e também nuances de limão. Ao paladar mostra-se macio, jovem, fresco. Excelente entrosamento entre a acidez que manifesta, o açúcar residual e o álcool. Vibrante, com final de boca persistente.

Condiz bem com carnes brancas, saladas, peixes grelhados e assados. Apropriado para beber a uma temperatura entre os 10-12 graus.

Excelente para consumo imediato contudo, se o armazenamento for uma opção, deve conservar-se ao abrigo da luz, temperaturas entre os 11-13 graus centígrados, garrafas deitadas, humidade entre os 60-75% durante aproximadamente 3 anos.

Breve síntese

Cor- amarela limão, límpido. Formação de lágrima.

Nariz- frutado com notas a maçã e apontamentos de frutos tropicais como a manga.

Boca- macio, estruturado, acidez harmoniosamente conjugada com o açúcar residual e o álcool que detém. Final de boca persistente.

Teor alcoólico- 13% vol

VILLA PALMA RESERVA 2020 BRANCO

Vinho de Denominação de Origem Controlada, da região da Península de Setúbal. É um “blend” branco elaborado com as castas Chardonnay, Arinto e Verdelho. 

Vinho produzido recorrendo a uma curta maceração das uvas após o desengace das mesmas. Este método permite extrair os fenóis naturais como as antocianinas e os taninos existentes nas películas. Depois da prensagem, a fermentação alcoólica ocorre a temperatura controlada, baixa, na ordem dos 16 graus.

Possui cor amarela limão, límpido e aromas frutados muito evidentes, lembrando a maçã e manga. Na boca exibe frescura e sabor tropical a manga e toques a maçã. Bom entendimento entre acidez, açúcar e álcool. Final de boca com boa expressão. 

Gastronomicamente, por via das excelentes características que possui, harmoniza bem com todos os pratos de peixe, frutos do mar e ainda com saladas. Servir à temperatura de mais ou menos 10-12 graus.

Adequado para usar no imediato, não obstante e com os devidos cuidados pode ser guardado por um curto espaço de tempo, aproximadamente 3 anos, ao abrigo da luz, em condições de humidade e temperatura indicadas de 60-75% e 14-16 graus centígrados respetivamente, mantendo as garrafas deitadas.

Breve síntese

Cor- apresenta cor amarela limão com reflexos dourados, límpido. Formação de lágrima.

Nariz- aroma frutado vincado, lembrando a maçã.

Boca- sabor frutado, toques a maçã, acidez bem ajustada e combinada com o açúcar e o álcool. Bom final de boca.

Teor alcoólico-12,5% vol

Para finalizar e em jeito de apanhado geral, referir que os três vinhos em apreço são merecedores de toda a nossa atenção, pelas singulares e excelentes caraterísticas de que são detentores e que são inerentes às regiões a que pertencem. Considerando o meu gosto pessoal, destaco desta vez o Cabeça de Toiro Reserva branco.

Artigo por Cecília Pereira, enóloga

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