Estima-se que uma em cada dez mulheres sofre de endometriose.
Apesar de afetar milhões de mulheres pelo mundo fora, a endometriose era uma doença que não recebia muito destaque. Depois da cantora Anitta expor que sofria da doença, choveram artigos, informações e mais dados sobre a endometriose.
A endometriose é uma doença crónica difícil de diagnosticar. A cantora brasileira diz ter passado cerca de nove anos a sofrer de dores, antes de ter recebido o diagnóstico da doença. Entre os motivos para esta demora entra a normalização da dor. Muitas mulheres sentem muita dor, mas associam-na a algo natural e não a algo grave.
Quando uma mulher tem endometriose, o endométrio, tecido que reveste o útero, cresce e desenvolve-se fora deste. Em circunstâncias normais, o tecido endometrial engrossa, decompõe-se, sangra e é expulso do corpo em cada ciclo menstrual. Quando não está no útero, acontece o mesmo processo, mas não existe a expulsão do corpo. Normalmente, o tecido semelhante ao endométrio envolve os ovários, as trompas de Falópio e o tecido que reveste a pélvis, provocando assim uma inflamação ao aderir a esses órgãos. Devido a esta situação, a doença pode ser extremamente dolorosa para a mulher e traduzir-se em diversos problemas, entre os quais a infertilidade e o cancro.
Quando ligeira, a endometriose pode não ter sintomas. No entanto, os sintomas mais comuns da doença caracterizam-se por cólicas menstruais mais acentuadas, dores durante e/ou depois das relações sexuais e também dores quando se faz as necessidades fisiológicas.
Ainda não existe uma forma clara de prevenção da endometriose, mas é destacada a importância de o diagnóstico ser feito o mais cedo possível. Hoje em dia, existem vários tratamentos para atenuar os sintomas sentidos e para eliminar as massas de endometriose. Apesar de se considerar crónica, a ciência já reconhece métodos cirúrgicos que curam as formas graves desta doença.
Existem métodos hormonais e cirúrgicos. A terapêutica hormonal apenas alivia as dores, enquanto a cirúrgica remove esse tecido que cresceu fora do útero. As mulheres que recorrem ao método cirúrgico são aquelas que possuem um caso de endometriose mais severo.
Segundo dados da Agence France-Presse (AFP), uma em cada dez mulheres, na fase reprodutiva, sofre de endometriose. Em Portugal, no ano de 2020, a doença atingia cerca de 240 mil mulheres. É uma doença silenciosa, que tinha sido pouco falada até ao momento e que é difícil de detetar pelas mulheres que sofrem dela e até mesmo pela comunidade médica. Tal como Anitta tem feito, algumas celebridades portuguesas têm dado mais palco e visibilidade a esta doença. Vanessa Martins e Raquel Prates sofrem de endometriose e falam ativa e publicamente sobre o tema.
Artigo por Sara Teixeira