Marcas que procuram entregar qualidade, criatividade e não quebram a promessa da sustentabilidade.
O mercado de moda em Portugal tem estado a crescer e, muito disso, deve-se a marcas que estão a surgir de raiz com a vontade de mudar algo no panorama da moda. Seja para dar a conhecer um novo conceito ou marcarem uma identidade através das peças, estas são cinco marcas nacionais, com artigos produzidos no país, pensadas e criadas por mulheres.
“A ideia nasce da vontade de criar uma marca de roupa com um propósito maior.”, conta a Peryod. Com a ideia de empoderamento feminino a ser destacada frequentemente no debate público, a missão de contribuir para a meta que o feminismo pretende alcançar, vem acompanhada de iniciativas como a desta marca.
A Peryod é uma marca feminista, criada por 4 amigas que partilhavam o mesmo desejo: o de ajudar a comunidade feminina de alguma forma. Nasceu no seio da pandemia, em fevereiro de 2020, quando lançou uma coleção minimalista com uma mensagem importante, mas optou por assinalar a sua presença dia 8 de março, por ser Dia da Mulher.
Os modelos foram pensados para serem statement pieces e são todos inspirados em histórias de mulheres que foram importantes de alguma forma para o movimento feminista. A marca começou por t-shirts, bodies e sweatshirts, mas expandiu o negócio para Tote bags de pano e para agendas. Todos as peças têm frases impressas que nos remetem à causa. As peças de roupa são em algodão 100% orgânico e todos os artigos foram desenhados e produzidos, em Portugal. É de notar que é uma marca democrática em termos de tamanhos.
Resultado da junção de T-shirt e de Heart (Coração), a marca dá-nos a conhecer uma coleção variada que promete qualidade e muito amor na confeção das peças. Criada por uma psicóloga, a Tsheart nasceu em janeiro de 2018. Na altura, Barbara Salgado da Costa era uma recém-licenciada em psicologia que procurava um estágio na sua área. Dada a dificuldade e os meses de procura por alguma oportunidade, a psicóloga refletiu sobre um desejo que lhe estava no subconsciente: o de aliar a psicologia à moda.
O início da marca passou pela venda de t-shirts com frases motivacionais, mas evoluiu para um mercado mais abrangente e hoje existem opções mais sofisticadas como blusas, vestidos, entre muitas outras. Todas as mensagens foram escritas pela Barbara e estão todas bordadas do lado esquerdo das peças, perto da zona do coração, para que se passe a intenção da criadora e que se crie uma conexão mais íntima entre a peça e a pessoa que a veste.
Para as mulheres se sentirem confortáveis e confiantes com a roupa que vestem, Mariana Ribeiro, uma influenciadora digital, decidiu lançar a FLAIR by MR aos 20 anos de idade. A marca surgiu, em 2020, durante a pandemia, no Porto. A jovem tinha conseguido afirmar-se no digital e ambicionava, de certa forma, revelar-se ainda mais com este projeto.
A roupa da marca apresenta uma estética simples, mas bastante atualizada perante as tendências da moda. As coleções demonstram artigos para diferentes gostos, desde vestidos para uma ocasião mais formal até fatos de treino confortáveis. A versatilidade da roupa e a possibilidade de serem construídos inúmeros outfits a partir das peças caracterizam a FLAIR.
Apaixonada pelo mundo da moda e pelo empreendorismo, Marina procurou trabalhar para que a sua identidade neste mercado passasse também por motivar e contribuir para um consumo mais consciente da moda. A criadora de conteúdo sempre revelou que tinha o objetivo de a marca ser o mais sustentável possível. A produção é local, as peças são todas feitas à mão e a matéria-prima é de qualidade, para que seja possível assegurar a durabilidade dos artigos.
Roupa feita à mão, por medida e totalmente personalizada é o serviço que Mafalda Soares oferece aos clientes. É uma marca moderna, com peças diferenciadoras e vistosas. O propósito é o de que as pessoas se sintam poderosas e únicas quando vestem algo Mafalda Soares Label.
O pormenor de cada top, corpete e vestido demonstram o trabalho de horas de uma rapariga que faz todas as etapas da criação sozinha, com os tecidos que ela mesmo compra. Os artigos com mais procura são os Corpetes e a Mafalda conta que, cada um deles, demora pelo menos 6 horas a ser feito.
A marca da Mafalda surgiu, em 2019, com outro nome: Trapos Pensados. A jovem era uma estudante de Letras, mas percebeu que o seu rumo não era por ali. Não sabia nada sobre costura, mas decidiu começar a aprender. No início, fazia peças mais simples como scrunchies, mas conforme foi vendo evolução começou a fazer peças como Corpetes. Depois de compreender que a moda era a sua paixão e ver a progressão na marca, começou a investir mais tempo no mini-negócio e a aperfeiçoar a técnica.
Quem disse que os casacos de ganga tinham de ser aborrecidos e que não podíamos condizer a roupa com os nossos cães? Maria Prim pensou em quebrar o conceito de básico que é atribuído aos casacos de ganga e trazer-lhes uma essência mais marcante. A marca cria “casacos distintos para mulheres únicas”, diz a Maria.
A Bluff Dennin é a marca portuguesa com casacos de ganga irreverentes e personalizados. Recentemente, a marca expandiu o negócio para a comercialização destes casacos adaptados aos amigos de quatro patas, para que os donos possam tirar aquela foto a combinar com o animal de estimação.
A jovem tem 20 anos e a paixão pela moda sempre a moveu, mas tinha a ideia de que queria marcar pela diferença. Aliou o descontraído da ganga aos brilhantes, às penas e a outras aplicações, para que que os casacos se destacassem na rua e fossem a estrela dos outfits. Maria Prim conta que a Bluff teve como inspiração um projeto que os pais desenvolveram na década de 90.
Estas são algumas das marcas que surgiram, em Portugal, para nos dar a conhecer uma forma diferente de alimentar o nosso estilo com peças de qualidade, amigas do ambiente e, de certa forma, mais exclusivas. Não é segredo que a FastFashion se tem traduzido em consequências nefastas para o nosso planeta. A produção em excesso, o recurso a mão de obra barata em países subdesenvolvidos e a poluição que se cria pelo descarte rápido são alguns dos principais problemas que testemunhamos no que diz respeito ao consumismo.
Artigo por Sara Teixeira