Adora moda, mas acha que devia ser mais consciente no seu consumo? A New Woman vai ajudá-la.
Ir às compras é um ritual bastante agradável para a mulher apaixonada por moda e até para uma fuga aos problemas. Muitas mulheres usam o seu tempo livre para ir a lojas de roupa em busca de novas formas de se apresentarem ao mundo. Mais do que a sua função utilitária, a moda está intimamente ligada ao impacto que temos sobre o outro. Dada a constante vontade do ser humano de se inserir na sociedade, o consumo de moda continua a ser um dos mais lucrativos. Os tempos passam, surgem novas tendências e hábitos e as pessoas sentem a necessidade de se adequar ao panorama no qual se confrontam.
Numa sociedade de consumo, o capitalismo lucra através destas necessidades e cabe a cada um saber colocar limites à sua carteira. Um cuidado a ter é o de não comprar coisas por impulso, porque havendo uma panóplia de escolha tão grande é preciso resistir a certas tentações. A New Woman apresenta-lhe algumas dicas como comprar moda de forma mais consciente.
Ir a uma loja faz com que tenha vontade de levar tudo? Pois, talvez seja importante olhar primeiro para aquilo que tem no armário para poder evitar compras desnecessárias e por impulso. Aproveite um tempo livre que tenha em casa para ver o que realmente lhe faz falta. Se são uns calções para a praia ou uma blusa para uma determinada ocasião, tudo será mais simples e económico se tiver consciência daquilo que já tem.
Mesmo sabendo aquilo de que precisa, dificilmente vai entrar numa loja e não se apaixonar por alguma coisa que não está na lista de prioridades. Ter uma lista e um valor estimado de quanto pode dar, no máximo, vai ajudá-la no autocontrolo. Isto não significa que se deva bloquear, caso goste mesmo de uma peça que não está na lista, mas vai obrigá-la a questionar se realmente vale a pena. No caso de valer, faça a gestão do budget que definiu para não sair prejudicada. O valor do budget que estipula para gastar em roupa deve ser considerado mediante a sua situação financeira e as suas despesas.
As tendências ajudam a criar outfits mais criativos e que se possa ousar um pouco na moda, mas antes de aderir a alguma delas, pergunte-se se elas se adequam ao seu estilo de vida. Se mora num lugar pouco plano e com calçada irregular, será que se adaptaria bem a um salto-alto agulha? Construa looks divertidos, mas pondere sempre se vai conseguir dar uso àquilo que compra. De nada serve ter roupa bonita no armário se não se tem ocasião para a usar. Opte por peças mais confortáveis e que tenha a certeza que vai usar.
Normalmente, deve ter atenção à composição das peças. Quando uma peça é demasiado barata, provavelmente é feita com materiais sintéticos, que não têm tanta qualidade e que não vão durar muito tempo. Quando for comprar alguma peça de roupa procure pelas etiquetas e veja se a composição é à base de fibras naturais. São uma opção melhor para o meio ambiente, com mais qualidade e são materiais mais frescos, ideais para esta altura do ano. O algodão é uma fibra natural ideal para usar no verão. É de realçar que uma peça ser cara não significa necessariamente que terá qualidade, por isso, não descure a confirmação pelo toque da peça e pela composição.
Existe aquela tendência de achar que as peças mais exclusivas e apropriadas para um contexto arrojado devam ser aquelas nas quais se investe mais dinheiro. Porquê? Podem ser mais bonitas e diferenciadas, mas vão ser aquelas que vai usar menos vezes. São peças que cansam, não intemporais, que provavelmente vão ser usada apenas uma vez e vão ser deixadas no armário sem utilização. As peças que pode ponderar em gastar um pouco mais têm de ser aquelas que necessariamente vai usar mais vezes, como umas calças de ganga, uma sweater preta ou umas sapatilhas básicas. Um vestido para uma cerimónia, para um batizado ou para uma festa podem ser encontrados em outros lugares para além das lojas físicas, que vendem por um valor muito mais alto. Se por acaso precisar de uma peça de cerimónia tente perguntar às suas amigas ou ver em lojas de aluguer de vestidos, de certeza que vai conseguir poupar algum dinheiro assim.
A maior parte das pessoas tem roupa no armário que não usa. Certas pessoas, gostam de dar uma segunda vida e oportunidade às peças com as quais não se revêem mais e colocam algumas peças à venda. Muitas vezes trata-se de uma forma de despachar certas roupas para as quais já não existe espaço, os preços são bastante acessíveis e pode encontrar grandes achados de peças. O que já não é útil ou usável para alguém, pode ser para você. Aliás, por vezes os artigos mal foram usados. O mercado da moda em segunda-mão tem estado a revolucionar a forma como se vê a moda. Num mundo mais consciente do impacto poluente da produção de moda, são cada vez mais pessoas a aderir à slow-fashion. Hoje, tanto existe uma grande variedade de lojas em segunda-mão como aplicações onde pode comprar e vender roupa.
Com a lista preparada, vá a diferentes lojas para comparar as peças que deseja comprar. Isto vai ajudá-la a perceber o que compensa mais. A maioria das lojas tem opções de peças idênticas, mas com preços, qualidade e formas de vestir diferentes. Se fizer esta comparação, ainda consegue poupar um pouco e escolher a peça que assenta melhor.
Pode parecer aborrecido, ir de loja em loja e tirar a roupa que tem vestida para experimentar outras, mas isto é um ótimo exercício para excluir peças. Muitas vezes, há roupas que nos chamam a atenção colocadas no cabide e que não favorecem o nosso corpo. Quando isto acontece, o normal é que se perca a vontade de levar a tal peça. Seja por não assentar bem ou por não servir como deve ser, as dúvidas que tiver poderão ser esclarecidas mais facilmente se experimentar tudo aquilo que gostou e ficou tentada a levar. Se ficar mal, já não se vai sentir com remorsos por não a levar. Aliar este passo ao de ir comparar os artigos em diferentes lojas, ajuda-a a escolher de forma mais ponderada, porque se vai basear em tudo aquilo que já viu e não se apaixonar por todas as peças.
O saldos podem ter o efeito contrário daquilo que deseja e em vez de a fazerem poupar, fazem gastar mais dinheiro do que tinha planeado. Para não cometer o erro de se descontrolar nos saldos, uma técnica viável é só comprar certas coisas quando os saldos estão mesmo a terminar. Pode não parecer muito seguro e fica já avisado que isto aplica-se mais às peças menos urgentes que tenha na sua Wish List. O final dos saldos é marcado pela descida bastante acentuada dos preços porque já não há tantos artigos nem variedade de tamanhos. É um risco, mas, quem sabe, encontra uma peça que gostava a um preço muito mais em conta. Na fase final, as lojas só querem mesmo despachar certos artigos e os descontos podem ir até aos 95%. Acha que vale a pena esperar? Se por acaso, nessa altura já não existir o seu tamanho ou a peça que deseja, poderá refletir se ela era assim tão importante quanto isso para si.
A moda é algo que polui o nosso planeta. O desejo e a vontade por peças de moda promovem os efeitos nefastos do consumo da mesma. É preciso que se faça uma gestão consciente daquilo que já se tem e o espaço que existe para vir mais. Vários estudos acreditam que o ser humano usa em média apenas 20% das roupas que tem. Para não se inserir neste grupo, tente fazer uma gestão justa e objetiva da roupa que tem. Se umas calças entram no guarda roupa, outras que já não usa tanto devem sair. Pode dar destinos diferentes àquilo que tira do seu guarda-roupa, como a doação e a venda de roupa em segunda-mão, por exemplo. Perceba a qualidade em que tem as peças e veja o que vale mais a pena fazer. O acumular mais e mais, não é de certeza a atitude correta. Olhe para o seu armário e veja aquilo que não usa há mais de um ano. Se não usa talvez seja um sinal de que, afinal, não lhe faz tanta falta assim.
A moda é uma linguagem e uma expressão artística que nos ajuda a definir, em parte, o julgamento que vamos ter quando olham para nós. Apesar de ser um complemento que revela parte da nossa personalidade e emoções, cabe a cada pessoa saber como não deixar que os lados positivos da moda se anulem perante a quantidade de consequências negativas que o consumo Fashion produz. Dados do Eurostat já confirmam que a pandemia teve impacto no consumo de moda e que os portugueses andam a gastar menos neste âmbito do que antes.
Artigo por Sara Teixeira