Saiba quais as estratégias a adotar em momentos de tensão.
Ainda existem pais e educadores que acreditam que há momentos em que é necessário recorrer ao castigo físico para educar as crianças, mas este método poderá ter consequências negativas para os mais pequenos.
Designam-se por “palmadas pedagógicas” e há pais e educadores que defendem este método para educarem crianças e jovens. Porém, várias organizações nacionais e internacionais são contra este tipo de castigo, proibidos pela lei penal portuguesa desde 2007, por considerarem que vão contra os direitos das crianças.
De acordo com o que Tânia Gaspar – psicóloga e coordenadora da equipa portuguesa do estudo “Health Behaviour in School-aged Children” da OMS – avançou ao Viral Check, o facto dos pais partirem para este tipo de abordagem pode resultar do método educativo que foi usado com os progenitores da criança ou, por outro lado, pode ser um ato “impulsivo” originado pela “dificuldade de gestão emocional dos pais”.
Clementina Almeida, fundadora e diretora clínica da For Babies Brain, também adiantou ao Viral Check, que as palmadas “são sempre o exercício do poder de alguém mais forte sobre alguém mais fraco, mesmo na educação das crianças” e que a evolução do conhecimento deste tema, faz com que também haja mais noção do impacto negativo que poderá ter nas crianças.
Os castigos físicos “são contraproducentes, porque revelam uma dificuldade em encontrar alternativas para conseguirmos mostrar à criança que aquilo que ela está a fazer é perigoso ou não é correto”, explica Tânia Gaspar.
A coordenadora do estudo “Health Behaviour in School-aged Children” reitera que partir para a violência física poderá incitar a criança a repetir o comportamento e a exaltar ainda mais os pais, podendo dar origem a um padrão de violência. Neste sentido, Almeida acrescenta que embora haja a possibilidade de o gesto violento parar um determinado comportamento, se este se verificar a longo prazo pode “trazer consequências para a saúde mental duradouras e prolongadas”.
Antes de considerar um castigo alternativo às palmadas, Clementina Almeida sublinha a importância de “cada adulto ter consciência dos seus limites, dos seus gatilhos, do que os faz perder a cabeça e ceder a uma palmada”, uma vez que, segundo a psicóloga, a existência dessa introspeção permite um maior controlo de determinadas situações.
Tânia Gaspar refere e importância de reconhecer estas emoções e “separá-las do nosso comportamento”, caso contrário, poderá motivar comportamentos impulsivos.
Neste sentido, a fundadora e diretora clínica da For Babies Brain, apresenta estratégias para lidar com a situação. Clementina Almeida considera importante “não disparar logo em acusações e agressividades e tentar perceber o ponto de vista deles [das crianças]”, tentar enveredar por uma abordagem cooperativa, de forma a chegar a um consenso. Na mesma linha de raciocínio, Gaspar sublinha a importância de adotar uma postura de prevenção de situações, através do diálogo e negociação.
Assim, torna-se crucial ser-se assertivo, estabelecer regras e garantir o seu cumprimento.
“O que acontece aos pais mais permissivos é que estabelecem os limites e depois não os cumprem. E as crianças aprendem, deste modo, que os limites são uma coisa muito flexível que não vão ser cumpridos. Por isso, é preciso haver algumas regras – mas não demasiadas – e garantir que elas são cumpridas”, conclui.