Um estudo da Alzheimer’s Association diz que as mulheres estão duas vezes mais propensas a esta doença neurodegenerativa.
Esquecer, perder e deixar de ser aquilo que um dia se foi são possíveis consequências da doença de Alzheimer. A Alzheimer é a doença mais comum associada ao envelhecimento. Fazendo parte do grupo das demências, é a aquela que possui mais diagnósticos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2020, cerca de 36 milhões de pessoas sofria de Alzheimer. A percentagem de doentes de Alzheimer aumenta significativamente depois dos 85 anos, atingindo cerca de 20 a 40% desse grupo etário.
Existe uma maior expressão epidemiológica da doença de Alzheimer nas mulheres. A Alzheimer’s Association apresentou dados que afirmam que estas estão duas vezes mais propensas à doença. Um estudo publicado na revista americana Neurology, em 2009, revelou que nesse ano, a Alzheimer foi responsável por 65% das causas de morte em mulheres e 51,1% nos homens.
A idade avançada e a presença do alelo ε4 da apolipoproteína E são os principais fatores de risco conhecidos para a forma da doença de Alzheimer. A doença é causada devido a fatores de fundo genético, biológico e/ou relativos a um mau estilo de vida. O histórico familiar da doença; um traumatismo craniano; a Trissomia 21; a reduzida estimulação cerebral ao longo da vida; o stress; as doenças ligadas a um alto colesterol; a hipertensão; o tabagismo e a menopausa podem aumentar o risco de padecer da doença de Alzheimer conforme os anos vão passando.
Ainda há muito para apurar relativamente à prevalência da doença de Alzheimer em mulheres. O facto de as mulheres terem uma esperança média de vida superior à dos homens pode ser uma justificação válida para que estas sejam mais afetadas pela Alzheimer, mas os fatores ligados à baixa produção das hormonas femininas também entram como um risco. As hormonas sexuais progesterona, estradiol, estrona, 3α-androstanodiol e testosterona estão envolvidas nas funções cerebrais. A redução na disponibilidade das hormonas sexuais coincide com o processo de envelhecimento, como o que ocorre na menopausa. A menopausa é responsável por diversas alterações no organismo, inclusive na cognição.
A doença de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa crónica e progressiva que afeta de forma seletiva regiões do sistema nervoso central, envolvidas na aprendizagem e na memória. Do ponto de vista clínico, os doentes de Alzheimer caracterizam-se por ter perturbações cognitivas que envolvem a perda de memória, desorientação, alterações da linguagem, da personalidade e a incapacidade de realizar tarefas do dia-a-dia.
Esta é uma doença que afeta tanto o seu portador como aqueles que o rodeiam. Os sintomas da Alzheimer fazem com que o individuo perca parte ou a totalidade da personalidade que teve durante toda a vida. Lidar com essa mudança é difícil tanto para a pessoa que percebe que está a esquecer, como para os familiares e amigos que vêem a personalidade do seu ente querido a desaparecer. Os casos mais severos deixam os doentes completamente dependentes de terceiros.
Apesar de ser a principal forma de demência e de já muito ter sido estudada ao longo dos anos, ainda não foi encontrada uma cura para esta doença neurodegenerativa. É uma doença que demora para revelar os seus sintomas. A terapêutica atual visa melhorar os sintomas cognitivos e comportamentais e, deste modo, a qualidade de vida dos pacientes e dos cuidadores.
A plasticidade cerebral é muito mais reduzida nos idosos, por isso, as tentativas têm por objetivo possibilitar a compensação de funções prejudicadas. O treino sistemático de informações atuais e permanentes, estimula o ambiente de orientação espacial e temporal, pontos esses que orientam o homem para o mundo. Esta terapia utiliza técnicas como atividades do dia-a-dia do individuo como ver o calendário, ler jornais, ver vídeos, fotografia e familiares. Outra forma é através da terapia retrospetiva. Esta procura encontrar a pessoa que já existiu antes da Alzheimer e, para tal, são utilizadas experiências passadas do individuo. O Diário da nossa paixão, filme norte-americano, de 2004, aborda esta técnica de terapia, Vemos Noah a contar a Allie, sua mulher com Alzheimer, a história de como se conheceram e se apaixonaram.
Estas técnicas são as mais conhecidas e praticadas com os doentes, mas não é com todos que resultam. Acredita-se que se num futuro próximo não for desenvolvida nenhuma terapêutica eficiente, com o aumento da esperança média de vida, a Segurança Social nos países europeus entrará em falência. Com os avanços da tecnologia e da ciência, espera-se que o entendimento pelas alterações celulares e moleculares que são responsáveis pela perda de neurónios conduza ao desenvolvimento de estratégias preventivas e terapêuticas eficazes.
Artigo por Sara Teixeira